» Um Sonho de Liberdade

(Nota: 10,0)
Título Original: The Shawshank Redemption
Gênero: Drama
Diretor(es): Frank Darabont.
Roteiristas: Frank Darabont, baseado em estórias de Stephen King.
Ano de Lançamento: 1994.
Elenco: Tim Robbins, Morgan Freeman, Bob Gunton, William Sadler, Clancy Brown, Gil Bellows, Mark Rolston, James Whitmore, Jeffrey DeMunn, Larry Brandenburg.
Duração: 142 minutos.

É estranho você saber que assistiu a um filme há algum tempo e quando você resolve revê-lo, pelo menos eu achava isso, descobre que não lembra mais de quase nada dele e que parece mesmo que você está vendo pela primeira vez. As surpresas são reais, a expectativa te ronda do mesmo jeito e o envolvimento é total. Pousei de ‘sabichão’ pra minha prima, dizendo que já tinha visto, porém que assistiria de novo. Que nada. Fiquei tão admirado com ela e ratifiquei o que há anos já sabia, que o filme Um Sonho de Liberdade era extraordinário, tudo aquilo que todos dizem.

Em 1946, Andy Dufresne (Tim Robbins – Cidade das Sombras) é um nobre banqueiro que acaba sendo condenado por matar sua jovem esposa com o amante que estava com ela. Com isso, após pegar prisão perpétua, ele vai para a uma das piores prisões americanas, a Shawshank. Lá, Andy conhece Red (Morgan Freeman – Batman – O Cavaleiro das Trevas), que cumpre pena já há vinte anos e é um dos presos mais poderosos na cadeia quando o negócio é mercado negro. Uma grande amizade surge.

Acho que quando se termina os 142 minutos de Um Sonho de Liberdade é que enxergamos o porquê do filme ser tão glorificado pelo público em geral. Baseado na história de Stephen King, esse filme conta não só a vida de presos que não esperam sair da grande muralha que os cercam, ele vai além quando nos toca sobre assuntos importantes como a esperança (que pra alguns está morta quando se entra em tal lugar), a raça, a obstinação e a esperteza. Talvez o maior exemplo de uma primorosa atuação é a de Freeman que nos expõe um personagem que nem é tão sério, mas que sabe muito da vida, pelo menos aquela dentro de presídio.

É tudo muito bem ajustado neste longa. A fotografia preza pelo momento, seguindo assim, o que requer a cena para tanto. A trilha sonora nos confere bons sons e uma composição precisa. Já no tocante a edição, creio que tenha sido basilar, já que sabe que ela muitas vezes pode acabar com um filme, como também pode deixá-lo muito bem feito, que foi esse o caso. É uma pena saber que em seu ano, tal filme, apesar das sete indicações ao maior prêmio do cinema, não abocanhou uma só estatueta, no entanto, isso não basta. O simples fato de nós, cinéfilos, gostarmos do filme, é o suficiente para saber que ele será eternizado como um clássico do cinema.

» O Nevoeiro

(Nota: 9,0)
Título Original: The Mist
Gênero: Terror
Diretor(es): Frank Darabont
Roteiristas: Frank Darabont, baseado em livro de Stephen King
Ano de Lançamento: 2007.
Elenco: Thomas Jane, Marcia Gay Harden, Laurie Holden, Andre Braugher, Toby Jones.
Duração: 126 minutos.
Trailer: Clique Aqui!

 

Eu adiei o máximo que pude. Não sei o que foi, não sei se era receio de gostar muito ou repudia-lo. Não sei se era medo, ou se era um cargo grande de pensamentos e filosofias que o filme tava carregado. O fato é que o adiei o quanto pude até resolvi parar de bancar ao ‘frouxo’ e fui assisti-lo. Só de saber que era um filme baseado numa história do tão vendido autor Stephen King, já deveria de se esperar que fosse algo que com ajuda do cinema pudesse ser aterrador, chocante, perturbador, desnorteador. O pior é que esses adjetivos cabem ao filme e não como um todo, cabem a cada momento em seu íntimo, nos momentos de raiva, de angústia, de receio.

Após uma forte e longa tempestade a noite numa pequena cidade do estado do Maine, as pessoas resolvem ir ao supermercado a fim de que pudessem estocar comida em suas casas no receio de mais uma ou outras tempestades. David Drayton (Thomas Jane – The Punisher – O Justiceiro) e Billy (Nathan Gamble – Babel) também estão no supermercado quando um forte nevoeiro começa a tomar conta da cidade e junto com ele algo estranho que mata pessoas no calar do nevoeiro. Dentro desse mercado estão várias pessoas, várias mentes, vários comportamentos. Inclusive o da Sra. Carmody (Marcia Gay Harden – Na Natureza Selvagem) que é uma protestante fanática que define aqueles momentos como o Apocalipse.

O que dizer de um filme que me pegou tão desprevenido? Acho que o interessante de O Nevoeiro é que ele vai mais além do que um simples filme de terror que tem como principal propósito assustar que assiste. A questão social está bem presente no filme e isso faz com que analisemos também o meio psicológico das pessoas. Até que ponto o ser humano consegue separar o vale entre a loucura e a sanidade? Isso me fez lembrar do filme de Meirelles, Ensaio Sobre a Cegueira, que nos faz refletir sobre até que ponto o ser humano é capaz de saber discernir bem as coisas e se os olhos realmente são necessários.

Em O Nevoeiro os momentos são vários em que as emoções mudam. Tem a angústia de saber se a um palmo de sua frente tem algo aterrador, tem a raiva de saber que alguém manipula os outros como fantoches, tem a indignação dos que são tão céticos a ponto de não enxergarem o fato e tem o receio de que seu personagem ‘predileto’ chegue vivo ao final. As interpretações são um negócio a parte, parece que a intensidade da história faz com que todos se mostrem de forma fantástica nos papéis. Mas o destaque, sem medo de errar, fica por conta de Marcia Gay Harden que nos entrega uma personagem fanaticamente religiosa e que tem o poder de persuasão irritantemente forte.

O fato é que Frank Darabont que já dirigiu filmes de muito sucesso como À Espera de Um Milagre e Um Sonho de Liberdade nos entrega uma direção que tem muitos aspectos favoráveis e outros que poderiam ser deixados de lado, porém sem prejudicar forma drástica a trama. Acredito que a direção de arte talvez não seja das melhores e em alguns aspectos os efeitos não foi tão bons quanto poderiam ser. A trilha sonora ou sua ausência também na forma sombria que persegue todo o filme. No mais, é um filme interessante e que quando termina deixa-me chocado e perturbado, não só pela cena final que é angustiante, mas também pelo todo que é de se fazer pensar o quão somos voláteis ao nosso próprio medo.