» A Origem

(Nota: 10,0)
Título Original: Inception
Gênero: Ficção Científica
Diretor(es): Christopher Nolan
Roteiristas: Christopher Nolan.
Ano de Lançamento: 2010.
Elenco: Leonardo DiCaprio, Ken Watanabe, Joseph Gordon-Levitt, Marion Cotillard, Ellen Page, Tom Hardy, Cillian Murphy, Tom Berenger, Michael Caine , Lukas Haas, Tohoru Masamune, Talulah Riley, Dileep Rao.
Duração: 148 minutos.

Quando eu era menor e que sabia que alguém aqui de cada ia jogar na mega-sena, projetava minha vida de como seria depois de ganhar na loteria. Pensava e passava a acreditar em tudo que aquilo podia me proporcionar, e então transformava o que era um sonho em vida real e era essa projeção que eu encarava minha vida dali para frente, com casa grande, ter tudo o que desejava, parar de estudar – lógico – e tudo o mais, era como se fosse realidade, porém quando não ganhávamos aquilo caia por terra e eu tinha que conviver com a minha realidade, que não era a que eu realmente desejava depois de achar que podia ser milionário. Logo me lembrei desse pequeno detalhe de minha inocente infância, quando conferi este filme e mais tarde vocês entenderão o porquê.

O mundo não é igual ao que muitos acreditam ser. Nele, é possível invadir os sonhos das pessoas e de dentro deles roubar os segredos mais profundos, guardados no subconsciente delas. Cobb (Leonardo DiCaprio – Foi Apenas Um Sonho) e seu colega Arthur (Joseph Gordon-Levitt – 500 Dias Com Ela), são mestres em roubar essas informações e numa frustrada tentativa de roubo nos sonhos de Saito (Ken WatanabeMemórias de uma Gueixa), estes acabam recebendo a proposta de agirem de forma inversa, fazendo uma inserção ao invés da extração. Assim, terão que fazer o bilionário Richard Fischer (Cillian Murphy) se convencer a dividir o império que seu pai criou com se fosse uma ideia propria e para isso contarão com a ajuda de Ariadne (Ellen Page), Eames (Tom Hardy) e Yusef (Dileep Rao – Avatar). Porém, do subconsciente de Cobb ainda há uma lembrança que o persegue, a de sua mulher Mal (Marion Cotillard –  Inimigos Públicos) que faz o inverso de todos os seus planos e isso nem sempre pode acabar bem.

É complexo falar de um filme em que várias emoções se fundem numa só, mas que ao mesmo tempo consegue invadir as nossas expressões faciais de acordo com cada segundo de pura ação – ou suspense – que passa na nossa frente. É complexo também falar de uma película que sabe manipular perfeitamente bem os pensamentos das pessoas e que não necessita ter que mastigar sua história – não tão simples – para o espectador a todo momento  e que tem total segurança de que, ainda assim, é possível que todos compreendam. Acredito que, antes de tudo, formar uma história que trabalhe com argumentos sólidos e, ao mesmo tempo, surreais não se pode ser feita do dia para noite.

Como se não bastasse ainda ter que repassá-la para um roteiro que não se é permitido falhar para que haja total compreensão de quem confere, juntamente com o fato de reparti-la com uma equipe de diretores de arte, montagem, efeitos, para que assim seja possível sair nos conformes e tal sintonia fazer do filme um sucesso, o sucesso que de fato está acontecendo e que não é em vão, devido sua enorme capacidade de conquistar o espectador sem pedir muito em troca, somente o essencial – para qualquer filme – que é a atenção. Por exemplo, como no caso dos espelhos que Ariadne projeta em sua primeira ‘aventura’ nos sonhos, no qual mostra que posteriormente enfrentaremos uma ‘realidade’ dentro da outra.

Como a total competência na hora de montar um longa que tem um roteiro primoroso, entretanto que deve contar com uma montagem digna, caso contrário descontruiria toda a imponência do roteiro. Quando comentei sobre eu, quando criança, ter criado uma realidade para algo que todos sonham, disse por que pude ver que isso é totalmente possível no mundo de Inception e que muitos dos personagens não conseguiam mais encarar a realidade como, de fato, a realidade. Contudo, ao mesmo tempo fica o questionamento se aquilo que se vive é mesmo a realidade, se não seria algo paralelo, em que se acredita ser verdade. Aí vem a questão do totem que mostra que aquilo é realidade – ou não – e também vem uma dúvida sobre a possibilidade real daquele totem ser detentor de uma possível realidade.

Resumindo, gostaria de dizer que para a dúvida que surgir, alguém pode tentar argumentar de outra forma, no entanto é possível desestruturar o argumento do outro com outra possível dúvida. O que se pergunta, então, é se Christopher Nolan pretende somente deixar a dúvida plantada na nossa cabeça, porém entendo que ele quer que essas discussões existam e que haja pertinência nos questionamentos a serem feitos. Assim, é que cada momento do filme há uma resposta no cantinho, onde somente na segunda, terceira, quarta vez é que enxergaremos, ou em alguns casos logo na primeira. Portanto esse, definitivamente, não é um longa para se ver uma só vez, a cada revisão tenha a certeza de que é possível enxergar mais. Seu ingresso jamais será em vão, seja a primeira, segunda ou terceira sessão.

18 Respostas

  1. […] This post was mentioned on Twitter by Portal Cine, Blogueiros Cinéfilos. Blogueiros Cinéfilos said: Portal Cine: » A Origem http://bit.ly/bkNWiq […]

  2. Pelos comentários, aparenta ser um dos melhores filmes do ano e não me surpreenderia se fosse reconhecido como tal ao final de 2010. Altas expectativas!

  3. Particularmente não gosto da atuação do Leonardo Di Caprio, mas pelas críticas preciso assisti – lo.

  4. Eu já disse que preciso ver de novo. Achei Inception primoroso. A ideia de Nolan foi algo absurdo e precisava de um roteiro absurdo e de uma montagem absurda, pra que não soasse incoerente. E foi isso que aconteceu. Impecável escrito e montado. É uma experiência única e Nolan está de parabéns, mais uma vez. Acho que virei fã de vez do diretor depois dessa. haha

  5. Muito interessante,a respeito das possibilidades do filme, o texto de Pablo Villaça. Vale à pena dar uma conferida!

    No mais, filmão, provavelmente deve levar vários oscars, talvez até de melhor filme!

  6. Como ainda não conferi “A Origem”, estou pulando todos os textos porque quero manter um olhar limpo diante da obra, sem pegar detalhes desnecessários. Mas, muito me chama a atenção o fato de que os textos todos têm sido excelentes sobre o filme.

  7. É mais uma diversão, um quebra-cabeça (complexo na medida certa, evitando abstratismos exagerados), quase um jogo. É original e por isso merece ser conferido. E é sofisticado. Nolan está por cima, mas ainda não virou pop. Que bom! Um filme exepcional.

  8. Haviam momentos neste em que, por dentro, eu estava aplaudindo – só queria reconhecer da forma mais explícita possível o quanto eu estava amando cada segundo.

  9. Já tinha gostado de todos os filmes de Nolan, mas não esperava algo de tão alto nível. Sua direção é algo absurdo, o roteiro acompanhado de uma montagem impecável deixam o filme com um ritmo ótimo. Uma mente excepcional a desse cara, viu. *****

  10. Ainda estou num misto de êxtase e incredulidade…realmente, é do tipo de filme que tem toda uma subjetividade e simbolismo que se tornam mais impressionantes que as próprias cenas de efeitos visuais ou de ação.

    Confesso que tive que pensar muito em diversas cenas – ainda mais no segundo ato do filme, quando um sonho se submete ao outro(os estágios das camadas do subconsciente)…

    por isso, me perdia constantemente…deixei passar certos diálogos e contextos…é, as primeiras impressões não bastam e preciso rever o filme, creio que vá ainda hoje…ontem a sala lotou…

    Achei DiCaprio merecedor de uma certa estatueta dourada, mas acho difícil…mais fácil Marion Cotillard ter indicação. Page, além de graciosa, teve momentos de pura inspiração na atuação. O elenco funcionou muito bem, de fato…e concordo que há cenas que são impactantes, mas pra mim o psicológico falou mais alto e o simbolismo, enfim.

    Bem, o filme mexeu comigo e muito…sem palavras!

    Abs

  11. “A origem”

    Mesmo que levássemos em conta apenas a superfície imediata do entretenimento, o filme superaria a média industrial hollywoodiana. Nem tanto por mérito do jovem e talentoso Cristopher Nolan, mas graças ao arrojo técnico empregado para contar sua história mirabolante. Os efeitos visuais atingem um grau de ilusionismo assombroso. A edição é exemplar. Prêmios técnicos não faltarão ao filme.
    Há, no entanto, um pequeno detalhe.
    A música “Je ne regrette rien”, cantada por Edith Piaf, surge freqüentemente, servindo a necessidades dramáticas. Os protagonistas a utilizam como uma espécie de gatilho para retornar das viagens pelos sonhos. Depois que os inconscientes foram devidamente treinados, basta-lhes ouvi-la e todos despertam imediatamente, salvando-se de apuros eventuais.
    Mas trata-se também de uma referência exterior ao próprio filme: a canção desloca nosso raciocínio da personagem-chave “Mal” para sua intérprete, a francesa Marion Cotillard. Pois é impossível não lembrar a própria Cotillard no papel de Edith Piaf, cantando exatamente “Je ne regrette rien”.
    Enquanto “Mal” só existe no mundo onírico, a identificação da atriz com seus trabalhos anteriores faz sentido apenas no plano dos espectadores conscientes. A citação extrai os personagens de suas imersões pela fantasia e ao mesmo tempo nos retira de “A origem” (ou do “sonho” representado pelo filme) para devolver-nos à realidade exterior.
    Se qualquer outra canção preservasse o mesmo sentido conveniente à trama (“não lamento nada”), as lucubrações acima virariam delírios absurdos. Mas a escolha dessa música, entre inúmeras possíveis, é precisa e enriquecedora demais para soar casual. E assim descobrimos a essência do código metalingüístico em sua plena realização.

    http://guilhermescalzilli.blogspot.com/

  12. Filmaço! Complexo, mas em nenhum momento foi complicado, para mim. Mas, sim, mexe com a inteligência do espectador. Gostei bastante! 😉

  13. Uma experiência incrível, inteligente, intrigante. Nolan no limite do impossível.

  14. Eu adorei o filme. Certamente, um dos melhores do ano. Mas, vejo alguns aspectos negativos… No entanto, fico calado para não apanhar por aí =P Vou esperar que comecem a surgir vozes destoantes para concordar comigo, que nem aconteceu em “Avatar” hahaha

  15. preciso ver de novo, sem dormir dessa vez. xD

  16. Como você conseguiu fazer um texto de 6 parágrafos que não diz absolutamente nada sobre o filme? Reli o 4º parágrafo três vezes e ainda não entendi o que você quis dizer. Desculpe-me, mas seu texto resume um filme tão complexo a uma grande bobagem, como se nota já na introdução do post.

    Lamentável. Abraços.

  17. […] Gostaria se ganhasse: A Origem […]

  18. Achei “A origem”, muito bom! Como analisar o que existe em nosso subconsciente, e em nossos sonhos? Será que é real ou só um sonho mesmo? Esse trabalho de invadir a nossa mente mexe com o ser humano a muito tempo e apesar de o filme ter nos dado um sentido quem sabe se isso pode ser verdade ou não? Vale a pena conferir!

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